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quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

10 coisas que aprendi morando fora do país


Nesse mês de fevereiro, completei 10 meses morando fora do Brasil. Pra mim parece que já faz uma eternidade. Não sei como explicar como o tempo passa tão rápido e nem percebemos.
Mas bem, a verdade é que é impossível viver essa experiência de morar fora, com suas vantagens e desvantagens, e não passar por muitas transformações. Nessa caminhada longe, uma simples convivência nos ensina um monte de coisa e a sensação é de que há sempre mais por vir.

Morar fora é um aprendizado constante e é por isso que resolvi publicar hoje 10 coisas que aprendi com a minha decisão de vir morar em Portugal.

1) Aprendi a viver minha vida. Já tinha ouvido dizer que não existe nada melhor do que sairmos da nossa zona de conforto ( viver na mesma cidade, bairro desde pequeno, perto dos amigos, da família), para crescermos de verdade. Comigo foi bem assim. No Brasil estava sempre rodeada de gente, tinha ajuda por todo lado, não precisava me preocupar com algumas coisas e deixava muita vezes o controle do que deveria ser feito por mim nas mãos de outras pessoas. Sair da "bolha" te faz perceber que temos muito que aprender, a fazer por nós, a quebrar a cara, e que o "se virar sozinho" é de fato SO-ZI-NHO. E que isso é bom e faz bem. Ah e ensina muito.

2) Aprendi a desacelerar. No Brasil, eu tinha pressa para tudo. Nunca gostei de esperar: eu como correndo (mesmo não tendo nada para fazer depois), falo e ando rápido e sempre tive muitas impaciência quando o atendimento em algum lugar era demorado. Até vir para cá e perceber que o ritmo de vida é outro. Sim, o garçom as vezes demora cinco minutos pra vir atender mesmo, outros cinco pra trazer o café, mais cinco para trazer a conta e nem sempre é mal atendimento. O-K! Respira e curte o momento. ( Ta bem, desacelerar ainda é um aprendizado para mim.)

3) Saber dar tempo ao tempo. Olha ele aí de novo (TEM-PO).Como falei no item acima, a pressa sempre me acompanhou. Além do corre-corre do dia a dia, eu tenho pressa de fazer e acontecer. Preciso ter tantos objetivos pessoais completos para ontem, mas morar no exterior me fez revisar conceitos e expectativas. Nem tudo é tão rápido quanto a gente gostaria. Prioridades precisam ser prioridades mesmo. Ao mudar de país, a vida tem uma espécie de corte, tudo é um começar do zero.
É preciso acreditar no destino e ter uma dose extra de paciência para aceitar que nossas exigências não vão ser cumpridas no tempo previsto (por nós) e confiar que as coisas aos poucos vão se encaixando de um modo que tenha sentido.

4) Dinheiro não é tudo. Claro que muita gente vai dizer que é fácil falar que dinheiro não importa tanto quando se tem saúde e educação gratuitas e de qualidade. Mas é aí que tuuudo faz diferença. Esse é o ponto que mais te deixa tranquilo quanto a viver com o suficiente para ter uma vida mais calma e com capacidade para aproveitar mais e o melhor dela.
Aqui, por exemplo, há muitas atividades culturais gratuitas e há parques e diversas iniciativas que acontecem nas ruas ou em espaços fechados, mas ainda assim acessíveis.
Não tem aquele excesso de ostentação que estava acostumada a ver no Brasil, principalmente com que mal tinha dinheiro. A sensação que tenho é de que lá trabalhamos e nos estressamos tanto, mas tanto que temos que usar o dinheiro da forma mais "atrativa", o que vira consequentemente uma ostentação sem freio. Tem que se ter dinheiro para ir no melhor restaurante, na balada do momento, ter o celular que acabou de lançar e etc. Aqui, a ideia de felicidade está muito mais relacionada a coisas simples, como um dia de sol no parque (principalmente quando se tem tanto frio rs), um café no fim da tarde, poder comprar aquele vinhozinho (de 2 euritos) para degustar e curtir muita, muitas atividades pela cidade.

5) Aprendi a ser mais confiante. Morar fora do nosso país é um teste diário de confiança. Nos vemos em situações na qual tiramos força e coragem que não sabemos de onde. Para mim tem sido um degrau de cada vez para muitas coisas.  Tem o medo do novo e do desconhecido, a falta daquela "ajudinha" familiar, são tantas coisas. Os desafios chegam e é preciso encarar e entender então que querer é poder. Muitas das vezes precisei me redefinir. Tanto nas relações, como comigo mesma. Além disso aprendi a me preocupar menos com que os outros pensam de mim.

6) Estrangeiro é estrangeiro e sempre será. Não importa o que seu documento diga, quantos direitos iguais vc tem com os nativos do país, você não nasceu aqui e trás(para sempre) algo do seu país de nascença que vai te "diferenciar" deles, nem que seja aquele leve sotaque rs. E isso não precisa ser algo negativo, mas sim acrescentado para a convivência. Pq levar a a mal caso se refiram a você como a "brasileira", a "portuguesa", a "japonesa"?! Na loja que trabalhei eu era a única brasileira, e toda vez que queriam lembrar da vendedora aqui era a primeira coisa que se falava "ahh a Brasileira". Ora, é tão óbvio e tão prático tmb. É claro que existe a forma pejorativa da palavra mas nesse aspecto o melhor é ignorar mesmo.

7) Aprendi a ser mais tolerante e mente aberta. Conviver com outras culturas exige, mais do que nada, respeito mútuo. O que é valorizado numa cultura pode ser ignorado em outra. E isso é muito bom pra perceber que o valor das coisas é relativo. Mas criticar é sempre mais fácil, já que tentar entender exige tempo e mente aberta.O choque cultural vai acontecer diversas vezes. Prepare-se. A comida é diferente, as piadas, as referências culturais, tudo é bem diferente. As pessoas com quem convive agora não cresceram vendo os mesmos programas que você, o Faustão ou o Sílvio Santos não são os alvos de chacotas e reclamações dele - e isso faz muita falta na hora de conversar.

8) Misturar línguas é normal. Sempre achei que isso era frescura de quem morava fora um tempo e queria se mostrar, mas não é! hahahaha. Cada vez me vejo “cheia” de expressões e palavras que uso diariamente no português de Portugal. Falo os dois ao mesmo tempo:  tem dias que falo mais com o jeito daqui, outro dia ja to toda patriota. Em menos de 2 minutos eu peço para pegar meu "celular" e logo depois peço para colocar o "telemóvel" no lugar de novo. Uma bagunça total!

9) Eu tenho que me adaptar ao mundo, não o mundo a mim. Pois é, eu estava acostumada a ir sempre no mesmo mercado perto da minha casa, com tudo que conhecia e sempre comprava e em um belo dia eu entro e tá tudo diferente, as embalagens, as marcas, o tipo de comida, as pessoas, o dinheiroooo… haja informação!! Como assim aqui não tem nescau, não tem fandangos, linguiça calabresaaa...vou morreeeeer! Opa, pera, é outro país. O que eu esperava? Um Brasil dentro de Portugal só pq eu to aqui?? Ele não tem que mudar pq eu cheguei, eu preciso mudar e me adaptar pq resolvi está aqui. Sim, eu sei, é um grande exercício de desapego (mas ta aí algo que estamos acostumados a fazer depois que se resolve sair pra conhecer o mundo), você sente falta de coisas que nem imaginava que iria sentir falta algum dia. Mas não tem jeito, faz parte da adaptação do mundo que você escolher viver.
10) Ter orgulho das minhas origens. Normalmente, quando falo que sou brasileira, as pessoas me tratam muito bem,  além de me perguntarem as coisas básicas do Brasil (Copacabana, novelas,carnaval, violência). Mas o bacana é que a recepção aos brasileiros costuma ser positiva sim. E eu fico muito orgulhosa. Sei que o meu país está longe de ser perfeito e eu reclamo muito dele tmb, antes mesmo deles falarem ja to listando tudo de ruim rsrs
Mas a verdade é que nunca pensei que fosse me sentir tão emocionada ao ouvir uma música que faz lembrar o país, um costume, uma gíria, um sotaque na rua. Todo povo tem os seus encantos e você vai descobrir muitos nas pessoas que agora vão ser os seus novos amigos e colegas. Mas aquele gostinho de saudade, empatia e amor pelos nossos vai ser sempre maior do que tudo que fizemos por aqui.

Agora eu quero saber de você que mora no exterior: concorda com algum ponto? O que mais aprenderam por aí?


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